domingo, 1 de novembro de 2009

Pão por Deus

Lembram-se deste dia quando éramos crianças? Estreávamos sempre uma peça nova de roupa, alguns de nós todos os anos também tinhamos um novo saco de pano, que o do ano anterior passava a servir para guardar o pão ou feijões secos na dispensa.

Fazíamos grupos com os nossos amigos ou vizinhos do lado, combinados com alguma antecedência, definiamos a rota, e marcávamos a hora e o local de encontro, e lá íamos nós!
Eu adorava quando recebia bombocas! Normalmente era o que a minha tia J. tinha para mim e eu ficava doida de felicidade, não achava piada ao sabor dos beijinhos, mas adorava as cores, já as línguas de gato eram bem vindas, e os rebuçados diamante, coloridos, e os rebuçados flocos de neve, ui! E as gomas de fruta da Heller? Eram as únicas que havia, hoje só sabem a açúcar :( A fruta era chata, pois fazia muito peso no saco, mas adorava quando calhavam romãs, clementinas, ou tangerinas, o dinheiro também havia, mas na altura não tinha muita graça. Também havia chupa-chupas, caramelos, castanhas, frutos secos...

Toda a gente se conhecia!

Em casa dos nossos pais, havia sacos com as mesmas guloseimas, mas para dar aos outros meninos e meninas, e guloseimas especiais para as crianças mais chegadas.
A hora do almoço era a hora do regresso às nossas casas, e à mesa contavam-se as aventuras da manhã, era um delicioso momento de partilha, depois da cozinha arrumada então lá se despejava o saco da "colheita" e separavam-se as guloseimas por caixinhas, na minha casa duravam sempre muito tempo.

As tias do Talefe faziam sempre umas broas maravilhosas, cujo sabor ainda guardo na memória, e que nos faziam chegar durante os dias seguintes, actualmente descobri essas broas maravilha à venda aqui no Intermarché, vendem-se nesta altura do ano, e são feitas aqui na zona, provavelmente até nas terreolas vizinhas do Talefe ou no próprio Talefe.  Continuam a ser fantásticas, com café acabadinho de fazer!

Hoje, na rua onde cresci, os miúdos continuam a ir ao Pão por Deus a casa do meu pai, e correm toda a localidade, mas onde moro há 3 anos, nem nunca sequer me tocaram à campaínha! As tradições vão-se perdendo, é pena, pois era um dia especial, de partilha...

4 comentários:

Hazel Evangelista disse...

Eu preparei um cesto cheio de guloseimas e esperei pela criançada, mas o cesto ali está intacto. Não veio ninguém, fiquei tão triste...
Já no ano passado, só apareceu uma menina muito tímida. Que pena, perderem-se estas tradições.
Se calhar, preferiram ficar em casa a jogar playstation.
É uma decepção, os tempos de hoje...
A culpa não é das crianças, mas dos pais que desprezam os velhos costumes e não têm paciência para os filhos.

micael disse...

É o preço de uma sociedade "evoluída".
São os medos, a falta de segurança. São as novas tecnologias que nos "condicionam", nos prendem e nos levam a novas formas de relacionamento (virtual)...

Carlos disse...

Olá Analuciana, muito obrigado pela tua visita lá ao meu jardim. Tenho imensa pena, como vocês, destas nossas tradições que se vão perdendo. Infelizmente querem substituir o Pão por Deus, pelas abóboras da festa das bruxas... Mais uma coisa parva que não tem nada a haver com a nossa cultura, enfim... Um beijinho.

Andrea Guim disse...

Oi, Analucia!!
Como está?? Passei para ver as novidades no blog e desejar-lhe bom final de semana!!!
Beijins!!

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